Hoje não canto as núvens verdes
constato outras verdades
não me perfura o peito o grito alegre
de que o céu é azul e o homem pode ser branco.
Hoje sinto dentro do peito
uma mão férrea que me esmaga o coração
pergunto a mim próprio
como foi possível a noite em pleno dia.
Hoje como nunca, talvez por ignorância,
acuso as páginas que mancharam a História
acuso o homem como Ser
que como carrasco tentou entrar na glória.
Sim, hoje, como nunca até agora
recordo Albert Schweitzer e Martin Luther King
hoje que como homem me envergonho
de Majdanec, Belsen, Treblinka e Auschwitz.
Hoje de verdade não grito as núvens verdes
nem os alegres campos nem o alto dos planaltos
hoje não canto nada que seja humano
e não cantarei enquanto houver recordação.
1 comentário:
Tocante e belo... obrigado pela partilha :)
Grande abraço.
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