Elegia
A ténue recordação de tantos rumos
ao olhar este mar
o último dos muitos navegados
deambulando entre o desespero e a esperança.
Por que vagas se ficaram as ilusões
de novas enseadas e novos cais ?
Por que terras nunca aportadas
vaguearam os sonhos deste marinheiro ?
Esburgo o que resta de tanta viagem :
meia dúzia de mãos abertas
algum porto de aconchego e pouco mais.
(Olho do alto da gávea...)
Não acredito que exista algum abrigo
para além desta água.
O derradeiro dos mares sorve-me
e acompanha-me num préstito
de que desconheço a duração.
Aqui ou pouco além tudo acaba,
as imagens desvanecem-se, nada mais é urgente.
Estas águas, como o tempo, apenas vogam
ao sabor de um intento inexorável que as dissipam.
(Recuperado do Blogue Vermelho Cor de Alface)
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