O agradecimento nunca é vão.
Sobre o eco das palavras
Não aproximes o teu
ouvido da minha boca
que as minhas palavras não
são de veludo
nem perscrutes o meu olhar
não vás encontrar duas
gargantas alcantiladas
repletas de espinhos que
ferem ou de lâminas de escoriar.
Nós que nos queríamos preparados para tudo,
Nós que nos queríamos preparados para tudo,
o tudo que aparecesse
mesmo que atiçado
por um fole de sofrimento,
afinal não soubemos pesar
a realidade e
deixámos que todas as
aves rituais voassem sem regresso
e todos os predadores
terrenos caçassem
no nosso mais apetecido
futuro.
E ficou-nos a amargura da
nossa própria
incapacidade de vozes sem eco.
Os nossos caminhos
fazem-nos doer os passos
e nas mãos os dedos
encarquilhados
impedem-nos os gestos
recordando antigas fobias
quando as escondiamos
dentro dos bolsos.
(http://joaoolhosnomar.blogspot.com/)
Sem comentários:
Enviar um comentário